Como complemento do post anterior, aproveito para aconselhar a fotobiografia de José Afonso, principlamente pelo óptimo texto de Irene Flunser Pimentel que, por força de um notável rigor biográfico, conta-nos praticamente tudo o que interessa saber sobre o magnífico músico (entre muitas outras coisas) português.
Se de algum pecado se pode acusar a autora é precisamente esse excesso de informação que, por vezes, provoca no leitor algum cansaço, compensado, contudo, pelo imenso prazer que nos provoca o contacto com os inesquecíveis momentos vividos por José Afonso desde os seus tempos de estudante até ao reconhecimento tardio que veio com a sua morte em 1987 - como tantas vezes acontece neste país -, sem esquecer, inevitavelmente, os momentos em que o músico/poeta/cantor fez história com os seminais Cantigas do Maio, Eu Vou Ser Como a Toupeira, Venham Mais Cinco ou Como Se Fora Seu Filho, ou a sua participação activa como cidadão que, nas palavras certeiras de José Mário Branco, não será tão importante como «o Zeca músico, poeta, criador artístico, pois este representa um valor universal que raramente a cultura de um país pode ter».
Um imensa vida de andarilho de um autor que será, provavelmente - com Amália Rodrigues -, a figura mais consensual da música portuguesa.