A Love of Shared Disasters dos Crippled Black Phoenix é uma belíssima e nada inacessivel colecção de baladas nocturnas tricotadas em magnífica mise-en-scène cinematográfica, fixadas em planos lentíssimos onde, ocasionalmente, são introduzidos pequenos e superlativos elementos de perturbação sonora que contribuem para uma música de contornos sombrios mas majestosos.
Uma espécie de Portishead em versão acústica, suavemente dissonante, e a gravar para o catálogo da 4AD.
Benni Hemm Hemm inventa, em Kajak, singulares canções pop islandesas, inspiradas em transparentes melodias folk euforicamente desarrumadas por flutuantes orquestrações «assinadas» por Brian Wilson, sofrendo pequenos esticões de feição punk rock-meets-wall of sound e onde, quase sempre, os veementes crescendos da sua «big band» de sopros lhes transmite uma dimensão musical superior. Notável.
The Ascension de Glenn Branca é uma voraz e fabulosa vaga sonora estruturalmente enriquecida por avassaladores padrões ritmicos, insistentes repetições melódicas, blocos eléctricos incendiários e dissonantes, ou por arrebatadores e assombrosos crescendos sonoros de «mil e uma» guitarras eléctricas sob a batida cardíaca do baixo e uma bateria descontrolada. De momento, não lhe sei chamar outra coisa que não seja pré-Sonic Youth ou pós-Velvet em versão instrumental.
Uma sinfonia eléctrica perfeita que, rapidamente, se tornou um clássico de culto.
Crippled Black Phoenix, "Really, How'd it get this way?"
Benni Hemm Hemm, "Brekkan"
Glenn Branca, "The Ascension"