Com a merecida vénia ao Provas de Contacto - sem o qual nunca me passaria pela cabeça ir à descoberta de um autor que era, para mim, totalmente desconhecido -, apetece-me registar aqui o meu total espanto e fascínio por uma pequena mas admirável obra do compositor romântico francês Ernest Chausson (1855-1899); o inesquecível Poème (para violino e orquestra), interpretado pelo violinista Itzhak Perlman e pela Orquestra Filarmónica de Nova Iorque dirigida por Zubin Mehta.
Trata-se de um magnífico poema de amor, simultaneamente enigmático e cheio de fantasia, onde o violino ocupa, de facto, o papel principal, transmitindo - a quem o escuta - uma sensibilidade docemente melancólica e vagamente estática, intervindo a orquestra, numa combinação mais-do-que-perfeita, para tornar o som (e o volume?) mais espesso e dar-lhe uma textura mais robusta, mantendo uma inacreditável sensação de estarmos a escutar sempre pela primeira vez uma obra contemplativa e profundamente contemporânea.
Não teve, aparentemente, ascendência nem gerou descendência. Apenas sublime e de lugar nenhum.
Fiquem com este pequeno excerto numa outra versão disponível no YouTube.