Pronto, já me lixaram novamente! O meu amigo Manuel pôs-me a corrente e não sei como me livrar dela. Se percebi bem a coisa, parece que, desta vez, devo escolher uma «pérola» que tenha ficado na minha memória mais profunda (fiquei a saber que tenho uma memória profunda). Uma pérola poética, entenda-se (palavras do Manuel).
Entre tanta poesia que me marcou profundamente, hoje (noutro dia a minha escolha seria, provavelmente, muito diferente) decidi-me a escolher três poemas: um escrito, outro visual e, por fim, um musical.
Poema escrito: (isto parece um ditado...)
Celebro-me e canto-me,
E aquilo que assumo tu deves assumir,
Pois cada átomo que a mim pertence a ti pertence também.
Vagueio e convido a minha alma,
À vontade vagueio e inclino-me a observar a erva do Verão.
A minha língua, cada átomo do meu sangue, composto deste solo, deste ar,
Aqui nascido de pais aqui nascidos de outros pais aqui nascidos, e dos seus
pais também,
Eu, aos trinta e sete anos, de perfeita saúde começo,
Esperando que só a morte me faça parar.
Suspensos os credos e as escolas,
Retiro-me por certo tempo, deles saturado mas não esquecido,
Sou o porto do bem e do mal, e seja como for falo,
Natureza sem obstáculos com a sua energia original.
Walt Whitman, in Song Of Myself, tradução: José Agostinho Baptista, assírio & alvim
Um dos mais belos poemas visuais:
O suicídio de Anju em “Sansho Dayu” de Kenji Mizoguchi.
Um assombroso poema musical:
“God only knows” dos Beach Boys.
Não passo a ninguém, não vá isto acabar no José Luís Peixoto.