Ainda a propósito do post anterior, e de forma a criar, uma vez por outra, um fio condutor que disfarce alguma anarquia existente na publicação de cada post, deixo-vos hoje com o México, lembrado através da pintura, com as visões pictóricas de Rivera e da sua mulher Frida Kahlo, e também recordado através do cinema, com o esplendoroso trabalho que o cineasta espanhol Luís Buñuel fez em Los Olvidados e com o material filmado por Sergei Eisenstein do inacabado e, ainda assim, visualmente formidável Que Viva México!
A fim de acrescentar mais qualquer coisa a uma visão algo redutora e pobre deste país imenso, proponho mais um caminho a seguir. Pela voz de Chavela Vargas (como não podia deixar de ser) e pela voz da, para mim muito mais querida, Lhasa de Sela.
E como quem motivou todo este percurso foi Juan Rulfo, guardo para o final algumas extraordinárias fotografias daquele país, tiradas pelo próprio escritor e que, acompanhadas pelos textos de Carlos Fuentes, Margo Glanz, Jorge Alberto Lozoya, Eduardo Rivero e Víctor Jimenez, integram o prometedor (a julgar pelas fotos disponíveis na net) livro Juan Rulfo’s Mexico.
DIEGO RIVERA (1886-1957)
Como artista excepcional, político militante e contemporâneo excêntrico, Diego Rivera teve um papel primordial numa época muito importante no México. Tornou-se, embora polémico, o mais citado artista do continente hispano-americano no estrangeiro. Foi pintor, desenhador, artista gráfico, escultor, arquitecto, cenógrafo e um dos primeiros coleccionadores de arte mexicana pré-colonial. O seu nome está relacionado com os de Pablo Picasso, André Breton, Leo Trotski, Edward Weston, Tina Modotti e, como não podia deixar de ser, Frida Kahlo. Foi, simultaneamente, alvo de ódio e amor, admiração e rejeição, lendas e difamação. O mito que, ainda em vida, se criou à volta da sua pessoa, não se deve somente à sua obra, mas também ao seu papel activo na vida política da sua época, às suas amizades e aos seus conflitos com personalidades famosas, à sua aparência fascinante e ao seu carácter rebelde.
Nas suas recordações, difundidas em diversas obras biográficas, Rivera contribuiu bastante para a criação do mito à volta da sua pessoa. Gostava de se apresentar como menino precoce de ascendência exótica, que combatera na Revolução mexicana como jovem rebelde, um visionário que se recusava a fazer parte da vanguarda europeia, e que estava predestinado para ser o cabecilha da revolução artística. A sua biógrafa, Gladys March, confirma, no entanto, que a sua vida real era muito mais banal e que Rivera tinha grandes dificuldades em separar a ficção da realidade: «Rivera, que, mais tarde, iria representar nos seus trabalhos a História do México como um dos grandes mitos do nosso século, não conseguia dominar a sua fantasia fenomenal, enquanto me contava a sua vida. Tinha transformado alguns acontecimentos, principalmente acontecimentos dos seus primeiros anos de vida, em lendas.»
Andrea Kettenmann, tradução de Ruth Correia in “Diego Rivera Um Espírito Revolucionário na Arte Moderna”, 2004 Taschen.
Frida Kahlo
JUAN RULFO'S MEXICO
LOS OLVIDADOS e QUE VIVA MEXICO!
Sergei Eisenstein "Que Viva México!"
Luís Buñuel "Los Olvidados"
LHASA e CHAVELA VARGAS
Chavela Vargas "La Llorona"
Lhasa "La Frontera"