FUJIYA & MIYAGI (Lightbulbs)
TWO BANKS OF FOUR (Junkyard gods)
ROBERT FORSTER (The Evangelist)
São apenas três discos relativamente recentes (todos de 2008) que tenho estado a ouvir com alguma insistência. Nem sequer tenho muito para dizer sobre eles, excepto que vou gostando muito do que estou a ouvir.
Os ingleses Fujiya and Miyagi fazem ao krautrock aquilo que só uma banda inglesa com sentido estético poderia fazer. Ao segundo volume, atiram-nos literalmente com uma versão revista e melhorada do género alemão, a que acrescentam uma concisão pop que não existe no original, doses perfeitas de ousadia e persistência rítmica, um canto falado aliado a um brilho melódico que se torna uma fonte de prazer constante. Só ouvidos distraídos poderão afirmar que é mais do mesmo.
De mais do mesmo também poderá ser acusada a música dos Two Banks of Four – que regressaram com o fabuloso Junkiard Gods – mas pouco me importa. Aqui já se trata de um universo único e genialmente personalizado. Ao terceiro disco, terceira obra-prima.
O paradigma perfeito de música experimental, espiritual, voando por entre as memórias de Coltrane, do jazz clássico, da soul, da improvisação como se de música do futuro se tratasse, com silhuetas transparentes de silêncio, fraseados cinematográficos, com a canção a adquirir, de novo, toda a sua deslumbrante dignidade. Para ouvidos exigentes.
Como não encontro nada mais recente, deixo-vos One day de Three street worlds.
The Evangelist de Robert Forster são os Go-Betweens sem Grant McLennan, porque, a todo o momento, sente-se que ele está lá. Voltamos à velha questão do mais do mesmo, mas, neste caso, com subtis variações. E são variações do melhor que a música já nos ofereceu. Memórias dos Velvet Underground, dos XTC e, talvez, até, dos Triffids. E réplicas perfeitas dos Go-Betweens (aqui, se calhar, é pecado). Melodias memoráveis que apetece guardar só para nós e transmiti-las em segredo a quem as merece.
Como despedida, era difícil exigir melhor.