Nada, de Carmen Laforet (1945)
Com os devidos e merecedores agradecimentos à autora deste blog – simples, mas muito belo -, que (me) revelou este magnífico livro que eu desconhecia, aproveito o pequeno espaço que me pertence para alinhavar meia dúzia de palavras e destacar devidamente o romance de estreia da escritora catalã Carmen Laforet (falecida em 2004), vencedor do Prémio Nadal.
Publicado em 1945, durante o franquismo, o livro impressiona sobretudo pela sua linguagem bastante acessível, mas particularmente incisiva, que retrata de forma exemplar e, simultaneamente, poética e cruel, um país esfomeado, sufocante, silencioso e desamparado, onde os sonhos, as esperanças, o orgulho, as desilusões e as transformações que um grupo de adolescentes vai sofrendo na passagem para a idade adulta nos emociona e cativa de forma inabalável, fazendo-nos, tantas vezes estremecer perante a exaltação e o gelo que a autora serve em tom obstinado e definitivo.
Um romance admirável, recentemente editado pela Cavalo de Ferro, com tradução - do castelhano - de Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu.