Véranda (1990) - Riccardo Tesi/Patrick Vaillant
De Riccardo Tesi já conhecia o óptimo Il ballo della lepre, publicado sensivelmente na mesma altura (já tive o disco, mas juro-vos que não sei o que lhe fiz) e onde Tesi já explorava de forma personalizada e profunda as imensas potencialidades do acordeão – cada vez que o ouvia apetecia-me acabar de vez com todos os ranchos folclóricos deste país!
Mas foi em Véranda e com a cumplicidade de Patrick Vaillant e de outros músicos (Baniel Malavergne, Sandy Rivera e Michel Marre) que a arte de Tesi atingiu o seu cume. Não só pelo extraordinário virtuosismo técnico que o músico Toscano exibe como meio de expressão artística e nunca como vil demonstração exibicionista, mas, sobretudo, pela articulação notável entre a inspiração folk e tradicional de Riccardo Tesi e a subtil introdução de elementos jazzísticos, de música de câmara, algum rock ou música contemporânea de feição minimalista (Steve Reich, Wim Mertens) que conferem a esta música sublime um toque bem vincado de modernidade.
E, como se não fosse já suficiente, ainda adicionam os mais variadíssimos instrumentos – tuba, vibrafone, mandolim, trompete, percussões, etc -, que, através da exploração das suas componentes harmónicas e tímbricas, estendem esta música para uma dimensão incomparável. Um disco belíssimo e discretamente inovador, cuja sinopse assenta bem na assombrosa Tricot Marin: música de autor, exuberantemente livre e abstracta, exibindo-se num plano estético superior, bem longe de quaisquer catalogações ou tentativas de formatação.
Tricot Marin