Era para falar deste disco sublime (a thousand shark's teeth) mais tarde, mas chegou a hora. E devo já dizer-vos que começa a posicionar-se, muito seriamente, como o mais sério candidato a álbum do ano. É o género de música que enquanto se escuta, desejamos não ser incomodados por mais ninguém.
Um encontro deslumbrante entre a fé inicial de PJ Harvey no rock, com os mais puríssimos Hugo Largo - posso estar a fantasiar, mas juro que a voz de Mimi Goese passa interminavelmente por aqui -, a angústia e a explosão em pequenos cataclismos do melhor Jeff Buckley e uma mini(?)-orquestra que tanto parece desintegrar-se em estilhaços como, quase em simultâneo, volta a reunir as notas (aparentemente) dispersas e compõe as mais memoráveis melodias que nos calharam em sorte nestes últimos meses.
Shara Worden confirma ao segundo passo a magnífica estreia e assina, muito provavelmente (se novo milagre não estiver para acontecer), o mais avassalador, pessoalíssimo e poético álbum de 2008. Quando ouço, principalmente, "Inside a boy", "Ice & the storm" e "From the top of the world", completamente viciado e a sentir o seu sangue a correr-me nas veias, já nem sei o que fazer com estas canções.
Experimentem tirar-me este disco, se forem capazes.