a dignidade da diferença
14 de Junho de 2008

The Living road (2003) - Lhasa

 

Ainda a propósito do tropicalismo, voltei a lembrar-me de Lhasa como exemplo da óptima música que se faz actualmente alimentando-se do multiculturalismo.

Após um álbum de estreia tendencialmente mais tradicional, moldado à base de rancheras, mariachis, pedaços esquecidos de música cigana, judaica e da canção francesa, que nos traz à memória, sobretudo, a voz de Chavela Vargas, mas também os fantasmas de Piaf e de Brel, Lhasa deu um salto em frente com a publicação de «The living road», o seu segundo disco.

Mantendo tudo o que de bom já existia na estreia, a voz torna-se mais quente e dramática, percorrendo as tonalidades sombrias da PJ Harvey do esplendoroso «To bring you my love» e da Nico mais espectral. As músicas cantadas em várias línguas são enriquecidas por arranjos mais conseguidos, elaborados e com uma maior densidade, que, utilizando cores mais diversificadas (mas nunca muito alegres) contrastam, numa primeira impressão, entre si, mas conseguem, afinal, de forma absolutamente magistral, combinar - quase na perfeição - luz e sombra, amargura e esperança, amor e ódio.

 

Por aqui passa, como se disse, não só um leque mais alargado de referências, como a essencial lição aprendida com Tom Waits: dando aos trompetes, clarinetes, vibrafones, theremins e secção de cordas o uso que daria caso fossem peças amolgadas e esquecidas numa velha oficina abandonada. Um conjunto de melodias inesquecíveis e a utilização adequada da voz como veículo de expressão, fazem o resto. Um disco pertencente à linhagem dos clássicos e que merece ser ouvido nos quatro cantos do mundo.

 

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:49 link do post
Desculpe não comentar o seu post (quem sou eu...). Mas um termo que usa lembrou-me a minha resposta ao seu comentário ao meu post "Protesto". Fala de MULTICULTURALISMO. Ora aí está um bom tema de cidadania !
Um abraço.
Transdisciplinar a 14 de Junho de 2008 às 12:51
Eu só procurei mostrar que, da minha parte, existe alguma desilusão em relação ao que se vai passando no mundo. E tenho sofrido de alguma apatia (que, espero, não seja geral). Mas isso não significa que não tenha ideias sobre o mundo e que não seja, por vezes, razoavelmente optimista em relação ao nosso futuro. E preocupações como a ecologia, o bem-estar dos outros ou a participação em actividades de cidadania sempre merecerão a minha aprovação. Um abraço e, uma vez mais, obrigado pela sua intervenção. Desde míudo que me ensinaram que muito temos a aprender com os mais antigos.
Muito obrigado pelo cuidado da sua pormenorizada resposta. Devo dizer-lhe que eu não pretendo dar-lhe lições. Pela minha parte continua a ir espreitando os seus posts , onde encontro coisas muito bem escolhidas . É uma maneira de me manter actualizado. E se, de vez em quando, trocarmos uns comentários, vamo-nos desenvolvendo mutuamente.
Um abraço.
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