"Ao contrário do que sugerem algumas narrativas amáveis, talvez a história da poesia em Portugal se faça sobretudo de perigos de afogamento e salvamentos in extremis, a começar por Camões, tornado, sem culpa própria, o poeta, por estafada antonomásia em que as celebrações são pródigas.(...) o ritual das comemorações poderá aproximar a poesia da pólis e sustentar um lugar simbólico que vai persistindo, apesar do confinamento a que a sua prática e leitura são relegadas, mas celebrar a antiquíssima arte dos versos é também, com demasiada frequência, um modo de a alienar naquilo que tem de mais irredutível." José Manuel Teixeira da Silva, Introdução a "O Esperado Fim do Mundo Já Partiu", antologia poética de Egito Gonçalves, Editora Língua Morta.