a dignidade da diferença
30 de Novembro de 2015

 

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«O conceito de racismo de que me servirei neste livro (…) serve de base para esta abordagem de longo prazo, permitindo-nos descrever as suas diferentes formas, continuidades, descontinuidades e transformações. Irei concentrar a minha pesquisa no mundo ocidental, desde as Cruzadas até ao tempo presente. Encontramos discriminação e preconceitos étnicos internos na Europa desde a Idade Média até presente, tendo a expansão europeia dado origem a todo um corpo coerente de ideias e práticas associadas à hierarquia dos povos de diferentes continentes. Não defendo que a realidade do racismo seja exclusiva desta zona do globo; a Europa limita-se a fornecer um cenário relativamente consistente que será comparado com outras partes do mundo onde se verificou a ocorrência de fenómenos semelhantes. (…) A hipótese em torno da qual se centra a minha pesquisa considera que, ao longo da história, o racismo enquanto preconceito étnico associado a acções discriminatórias foi motivado por projectos políticos.»

Francisco Bethencourt, in Racismos (introdução) 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:18 link do post
24 de Novembro de 2015

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O australiano Peter Milton Walsh, notável e raríssimo artesão de canções, capaz de uma concisão plena de textos e melodias com uma propensão minimalista para captar a centralidade das palavras, das emoções e da melodia perfeita, será provavelmente um dos mais injustamente ignorados músicos do planeta. Contudo, a visão estética e vivencial que habita o corpo das suas canções integra um universo musical do qual faz parte uma galeria de notáveis, amarguradas e melancólicas figuras da música popular, songwriters que preferem valorizar a dor, as feridas, o fracasso, o desespero ou a solidão inseparáveis da natureza humana e de quem fica sucessivamente amarrado às partidas do destino. Com efeito, a música dos Apartments chega a um fiel mas elementar núcleo de admiradores que talvez procure na serena amargura dos magníficos álbuns da banda – com uma capacidade de sedução, empatia e envolvimento assinaláveis - um significado que porventura o fará compreender e superar o afastamento, a angústia, a distância ou a perda que invariavelmente e a contragosto irão sobressair em inúmeras ocasiões da sua vida. A recente reedição da gravação das melancólicas Seven Songs (a convite da Radio France) é mais um belíssimo exemplo.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 23:11 link do post
11 de Novembro de 2015

 

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«O resultado é geralmente uma dicotomia simples que apresenta os europeus como os agentes invariáveis do progresso num mundo que noutras partes continua agarrado à tradição. Já vimos que esta visão é difícil de sustentar. Existem três outras dificuldades. Em primeiro lugar, os elementos da modernidade (…) raramente se encontravam todos numa única sociedade. Em grande parte da Europa mal se descortinavam até tempos muito recentes. Mesmo aqueles países que consideramos os pioneiros da modernidade tinham fortes características pré-modernas. A escravatura foi legal nos Estados Unidos até 1863. A classe dirigente da Grã-Bretanha vitoriana era, de um modo geral, hereditária, e a religião continuava a ser crucial para a aspiração social e para a identidade. A América do século XX era uma sociedade de castas cujo distintivo era a cor da pele, usada para negar direitos civis e políticos a um grande segmento social até aos anos 60 ou mais tarde. A França pós-revolucionária circunscreveu os Direitos do Homem aos homens até 1945, quando as mulheres conquistaram o direito de voto. (…) A Alemanha nazi ou a Rússia soviética eram modernas? (…) Em segundo lugar, algumas das características essenciais da modernidade convencional encontravam-se também em regiões da Eurásia muito distantes da Europa. O caso clássico é a China, que desenvolveu uma burocracia moderna e meritocrática, uma economia comercial e uma cultura tecnológica muito antes da Europa. (…) Em terceiro lugar (…) parece possível que a expansão da Europa representou em parte um assalto deliberado às iniciativas modernizadoras de outros povos e Estados. O que terá vencido, talvez, não foi a modernidade da Europa mas a sua capacidade superior para a violência organizada.»

John Darwin, in “After Tamerlane. The Global History of Empire”

03 de Novembro de 2015

 

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Após ler os magníficos e inquietos 100 poemas de Emily Dickinson -na edição bilingue a cargo da Relógio d’Água -, e embora sabendo que a intenção do seu autor não seria com toda a certeza essa, a discrição que Emerson faz, em 1860, da poesia de Dickinson – como se pode verificar neste excerto da Tábua Cronológica, organizada por Ana Luísa Amaral - parece-me sinceramente um tremendo elogio: «Após haver lido quatro poemas de Dickinson (dois publicados e dois enviados por Helen Hunt Jackson), Emerson escreve na revista Dial, a principal publicação dos Transcendentalistas: “Uma tal Miss Dickenson [sic] escreve versos como se estivesse ameaçada por febres.»

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