«Já sabemos que não vivemos num mundo sem sentido. As leis da física fazem sentido: o mundo é explicável. Existem níveis de emergência mais elevados e níveis mais elevados de explicação. Temos acesso a profundas abstracções na matemática, na moral e na estética. São possíveis ideias de um alcance tremendo. Mas há ainda muito no mundo que não faz sentido e não fará até sermos nós a fazê-lo. A morte não faz sentido. A estagnação não faz sentido. Uma bolha de sentido no seio de uma insensatez infindável não faz sentido. Se o mundo faz efectivamente sentido, em última análise, dependerá do modo como as pessoas – os nossos semelhantes – escolherem pensar e agir. Muitas pessoas têm aversão ao infinito sob várias formas. Mas há coisas que não podemos escolher. Há só uma maneira de pensar que é capaz de propiciar o progresso, ou a sobrevivência, a longo prazo, e esse caminho é a busca de boas explicações através da criatividade e da crítica. Não há, portanto, uma terceira via entre finito e infinito. O que nos separa no horizonte é sempre o infinito. Tudo o que podemos escolher é se é um infinito de ignorância ou de conhecimento, de certo ou errado, de morte e de vida.»
David Deutsch, The Beginning of Infinity – Explanations that Transform the World