a dignidade da diferença
26 de Janeiro de 2013

 

 

Num dos seus filmes mais intrinsecamente cinematográficos, Rear Window (Janela Indiscreta, no título português), Alfred Hitchcock projeta o mundo à imagem do protagonista principal, numa das obras em que este tem uma conexão mais profunda com o espectador. Se no plano puramente cinematográfico, no qual a montagem assume um papel essencial para condicionar a reação imediata do espectador cúmplice, o filme era já um prodígio, neste espaço interessa-me sobretudo avaliar até onde poderá ir a invasão da privacidade alheia ou como localizar e estabelecer a fronteira entre o que é admissível e o que é excessivo (por violar um imperativo ético ou moral). Hitchcock coloca, como poucos, o dedo na ferida; o mundo que o protagonista nos oferece é aquilo que ele vê «ao espreitar pelas janelas dos vizinhos». Podendo optar, os personagens do filme não deixam, contudo, de olhar. Como acontece, por exemplo, nessa cena lapidar onde Lisa, após criticar o comportamento de Jeff no momento em que este espreita o quarto do vizinho - denunciando a sua baixeza moral -, desvia o olhar para fixá-lo hipnoticamente entre as persianas do apartamento em frente, dedicando uma atenção exclusiva ao que se passa dentro das suas divisões. Cada um tira as conclusões que entender, mas, no fundo, somos todos voyeurs…

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 01:14 link do post
18 de Janeiro de 2013

 

 

Contrariamente ao que tem sucedido recentemente, a forma utilizada pela comissária Ana Margarida para afastar uma manifestação de estudantes em Braga (uso de gás pimenta) seguiu, desta vez, as regras do bom senso. Chamem-lhe, se quiserem, intuição feminina. Eu, talvez por (de) formação académica, prefiro dizer que se aplicou convenientemente um princípio tão claro quanto extraordinário. Trata-se do princípio da proporcionalidade, onde está implícita a proibição do excesso. O seu significado é muito simples: «quando existe uma escolha entre várias medidas previsivelmente adequadas, deve-se recorrer à menos rígida e os inconvenientes (ou prejuízos) causados não devem ser desproporcionados relativamente aos objetivos que se pretendem atingir». Ainda há, felizmente, alternativa ao recurso excessivo a «formas musculadas de intervenção» …

publicado por adignidadedadiferenca às 23:58 link do post
13 de Janeiro de 2013

 

 

Já tive a oportunidade de destacar a importância do livro escrito pelo psicólogo Daniel Kahneman, Pensar, Depressa e Devagar, o qual explica admiravelmente o método de funcionamento dos dois sistemas que fixam o nosso modo de pensar e explica o seu método de funcionamento: enquanto o primeiro é intuitivo e emocional, o segundo é menos célere, mais lógico e ponderado. Mas a questão que hoje trago à colação não se relaciona com aqueles sistemas tão determinantes para as nossas decisões. No decorrer da análise que modela o fio condutor da obra, o seu autor – de forma não intencional - fornece um exemplo magnífico do significado do processo de ajustamento que a Troika nos quer impor com a aprovação dos nossos governantes; muito simplificado, é certo, mas assim percebem todos. Querem a demonstração? Passo a citar: «Uma pequena loja de fotocópias tem um empregado que lá trabalha há seis meses e ganha 9 dólares por hora. O negócio continua a ser satisfatório, mas houve uma fábrica na zona que fechou e o desemprego aumentou. Outras lojas semelhantes contrataram agora empregados de confiança a 7 dólares à hora para desempenharem tarefas semelhantes às realizadas pelo empregado da loja de fotocópias. O proprietário da loja reduz o salário do empregado para 7 dólares.» Plano de ajustamento é isto.

03 de Janeiro de 2013

E a escolha termina finalmente aqui. Recolhi novidades, reedições - apenas as primeiras e não as sucessivas, o que explica, por exemplo, a ausência da obra reeditada de José Afonso e, sobretudo, dos extraordinários Cantigas do Maio e Venham Mais Cinco – e edições de arquivo; a arca do tesouro trouxe, neste último caso, gravações inéditas de Wes Montgomery e de Bill Evans. Deixei de fora Loveless, dos My Bloody Valentine, que, contudo, podia figurar no lugar de Isn't Anything. Sublinhe-se ainda que, noutro dia e em condições diferentes, entrariam facilmente na lista dos eleitos os mais recentes trabalhos de Andrew Bird, Leonard Cohen, Neneh Cherry, dos Músicos do Tejo (com a interpretação notável da ópera La Spinalba), Dirty Projectors, ou os seminais A Um Deus Desconhecido e Sexto Sentido da Sétima Legião (e a restante obra, embora não impressione tanto, não merece ser menosprezada); desta vez, injustificadamente, ficaram de fora. Ouçam-nos na mesma.

 

  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

02 de Janeiro de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

01 de Janeiro de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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