Às vezes tenho ideias, felizes,
Ideias sùbitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...
Poesias de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, engenheiro naval (por Glasgow) - estudou primeiro engenharia mecânica -, mas inactivo em Lisboa. Alto, magro, de cara rapada - como, aliás, Alberto Caeiro e Ricardo Reis - cabelo liso e monóculo. Segundo uma carta escrita por Fernando Pessoa e dirigida a Adolfo Casais Monteiro, Álvaro de Campos «escrevia razoàvelmente mas com lapsos como dizer "eu próprio" em vez de "eu mesmo", etc».