Num país onde um número assustador de gente irresponsável copia descaradamente, sem ter ainda a mínima noção das consequências negativas que lhes trará o facto de fazer parte do grupo do desenrascanço em prejuízo do conhecimento, este livro – Histórias de Cábulas, de John Croucher - parecia destinado a ter um certo sucesso. Não foi o caso, mas ainda assim damos-lhe aqui o destaque relativamente merecido. Trata-se de uma obra ligeira, com alguma piada, que nos marca encontro com diversas histórias delirantes de alunos viciados em cábulas, de vigilantes anticábula, de desculpas esfarrapadas, esquemas delirantes, entre outras histórias igualmente deliciosas. Todas aconteceram, como é bom de ver, em época de exames. Vejam esta, por exemplo.
«A morte de um familiar próximo é compreensivelmente um acontecimento traumático, que merece a compreensão que normalmente desperta nos examinadores. A morte de um familiar distante que residia há vários anos no estrangeiro pode contudo ser olhada com cepticismo quando um estudante procura usá-la em seu benefício. Nalgumas universidades pede-se uma certidão de óbito ou uma cópia de notícia de jornal no caso de o estudante procurar adiar um exame com base no acontecimento. Normalmente, esse documento é acompanhado de uma carta do estudante com uma pequena descrição do que se passou. Em seguida transcrevem-se passos de três cartas em que os estudantes se referem à morte de familiares: Infelizmente o meu pai morreu antes de ter sido cremado. Nesse dia tive de ir ao velório, isto porque a minha mãe morrera antes do funeral. Depois da morte do meu marido enterrei-me nos livros.»