Assusta-nos imenso que futuros magistrados revelem esta absoluta falta de princípios e este tipo de comportamento tão pouco ortodoxo (já nem nos referimos à tamanha demonstração de estupidez) – terá condições para julgar quem não tem a mínima noção do que é viver em sociedade como um ser livre e responsável? Inquieta-nos igualmente que a direcção do CEJ – Centro de Estudos Judiciários não tenha encontrado uma solução melhor do que a tornada pública para penalizar os prevaricadores – enfim, atribuir 10 valores por se considerar - como afirmou Luís Eloy, director-adjunto do CEJ - «a solução mais equilibrada, já que estamos no fim do ano lectivo e já havia outros exames marcados, o que impedia a repetição deste teste», não nos faz mudar a opinião de que, no fundo, o que se procurou foi evitar uma grande maçada. Toda esta trafulhice é decepcionante, mas, infelizmente, já não nos surpreende (como, a propósito, se pode ver aqui). É só mais um caso triste de gente responsável que lida com este tipo de problemas com a mesma sensibilidade do elefante quando entra numa loja de porcelanas. A directora da instituição, por exemplo, veio dizer que «quem nunca prevaricou na faculdade que atire a primeira pedra». É verdade, mas, até hoje, não se tinha pactuado com situações destas e o copianço nunca atingiu esta dimensão. Será que ninguém repara na diferença de preparação entre quem é aprovado por copiar e quem passa porque realmente sabe? Este país e esta sociedade estão a mudar. Não nos convencem de que é para melhor.