Os sinais são cada vez mais preocupantes. A nossa classe política dá mostras de uma incompreensível irresponsabilidade, arrogando-se no direito de ir sacudindo a água do capote na questão da negociação da dívida com o FMI e a União Europeia. As mentiras da nossa classe dirigente – a dos dois maiores partidos – sucedem-se em catadupa, seja na forma como foi dado conhecimento ao PSD do PEC4, seja nas circunstâncias em que ocorreu a reunião do Conselho de Estado com o nosso Presidente da República, após a convocatória deste. A Europa dos 27 revela-se perigosamente desunida e é o próprio FMI que, contra a posição da União Europeia, assume a preocupação de «proteger» os interesses de Portugal, na medida em que defende o prolongamento da ajuda externa e o pagamento do empréstimo a uma taxa de juros mais reduzida. Se a tudo isto acrescentarmos o inenarrável congresso socialista do passado fim-de-semana, as dúvidas legitimamente levantadas sobre a verdade das nossas contas públicas, ou, por exemplo, as indignas jogadas estratégicas político-partidárias com o único objectivo de se conquistar mais uns votos, à custa precisamente daquele que se intitulava como alternativa aos candidatos do sistema, só podemos tirar uma conclusão: isto vai de mal a pior, a nossa imagem é a de um país miserável e pedinte, e não se afigura fácil a caminhada que permita ao Estado satisfazer, pelo menos, os compromissos mais básicos e urgentes. Os nossos credores elegeram-nos como o alvo a abater e nós, no meio de tanta leviandade, salvo raras excepções, ainda não percebemos que os custos serão insustentáveis pois não teremos capacidade para os pagar…