Eis aquela que é, quanto a nós, a discografia essencial de June Tabor - e ainda ficam de fora, pelo menos, os excelentes Aqaba, No More to the Dance (Silly Sisters) e Apples -, a mais extraordinária cantora britânica da actualidade. Musical e geograficamente situada algures entre a folk clássica, a tradição europeia, o renascimento e a literatura medieval, June Tabor abraçou não raras vezes a pop e cantou os seus mais extraordinários autores, criou, com Maddy Prior, as notáveis Silly Sisters, aderiu episodicamente ao exuberante festim punk da Oyster Band e - não há bela sem senão - não se deu assim tão bem com o jazz. Deixa-nos uma obra valiosíssima, uma verdadeira quimera, cujo capítulo mais recente - o devastador Ashore - é uma das suas jóias mais preciosas. O universo de June Tabor é o de uma excelsa e tradicional contadora de histórias; não procurem aqui o último grito da moda, nem os sintomas da mais recente novidade, pois o que encontram é a intemporalidade de uma voz grave, densa, majestosa - ultimamente acompanhada por um rigoroso, expressivo e luminoso ensemble instrumental -, tão essencial como o ar que respiramos. Experimentem, depois de a escutar, passar sem esta música.