Velázquez, Infanta Maria Teresa, 1652
As mulheres de Velázquez e de Klimt, embora sejam o retrato bem delineado de uma camada focalizada da alta sociedade das respectivas épocas, traduzem, porém, nas composições destes, o fim da esperança, o espelho da decadência, a inquietude, a impotência perante a realidade opressiva, e uma certa dose de resignação. Se Velázquez é, em rigor, um dos mais expressivos e geniais pintores clássicos, Klimt consegue, contudo, estabelecer novas coordenadas estéticas e imprimir uma dose significativa de erotismo e sensualidade que confere às suas personagens a expressão perfeita desse obscuro objecto de desejo que Buñuel tão bem aprofundou no seu cinema. Encobertos por uma doce, apaziguada e decorativa aparência, descobrem-se nelas olhares tensos, vibrantes e hipnóticos, entrelaçados numa relação ambígua com os sentimentos mais impetuosos de quem as observa.
Gustav Klimt, Retrato de Fritza Riedler, 1906