Ainda a propósito de Luís Buñuel e do seu fabuloso legado que, pouco a pouco, surge em oportunas edições em DVD: Já em 1962, o cineasta espanhol, com o humor corrosivo e provocador de O Anjo Exterminador dizia praticamente tudo sobre a venenosa degradação das relações, e consequente perda da dignidade humana no que ela tem de mais intrínseca, de gente que fica fechada semanas a fio numa casa. Dele já se disse tudo mas não me canso de repetir: filme genialíssimo e uma das obras mais marcantes e admiráveis de todos os tempos. Um marco na cultura do século XX. Em suma, um filme que devia ser visto também por esses indigentes que perdem o seu tempo a ver e a defender programas idiotas e mal-formados sobre gente que se fecha semanas a fio numa casa, motivada apenas pela coscuvilhice, pela fama e pelo dinheiro, a qual, nas deploráveis relações sociais que aí vão crescendo, revela à sociedade o vazio absoluto de quem nada tem para dizer. Um verdadeiro e indigno acto de má-fé legitimado, contudo, pela mentalidade tacanha e bisbilhoteira do portuguesinho medíocre.