Em tempo de crise, tomem lá um dos poucos motivos para festejar este ruinoso ano de 2010 em louca cavalgada para o abismo; Lloyd Cole regressou com o novo e excelente álbum Broken Record, gravação que acumula no seu eixo, pelo menos, quatro ou cinco clássicos instantâneos e obrigatórios, inspirados na nobre linhagem dos Commotions, inesquecíveis acompanhantes dos obrigatórios Rattlesnakes e Mainstream. Trata-se de mais um belo compêndio do músico que um dia venerou Raymond Carver e Norman Mailer, obra que vai buscar as suas fontes musicais à country, à pop e à folk criativa e corporeamente desarrumadas, fornecendo elementos suficientes para incentivar um estimulante e permanente diálogo com os habituais textos assentes numa estupenda concisão literária.
Uma obra que não surpreende nem provoca rupturas estéticas com o passado mais recente, que aposta na continuidade, mas que representa um significativo gesto artístico de um autor que ainda não se acomodou e encontra na sua escrita razões para se ir renovando subtilmente e para manter viva a chama criativa. Um trabalho francamente recomendável com nomeação garantida para a lista dos melhores, quando se fizer o balanço musical do ano corrente.
"Man Overboard"