Com a aplicação dos novos métodos de revista a passageiros – através de um scanner corporal de raios x ou de exame manual -, os Estados Unidos, invocando razões de segurança, foram longe de mais nos seus intentos e violaram inacreditavelmente os mais básicos princípios da dignidade humana, os quais, se bem se recordam, são apanágio dos Estados de direito assentes na democracia liberal. Como é que um país fundado nos mais elementares princípios do liberalismo político abdica deles por razões de segurança? É certo que existe hoje um conflito entre dignidade e segurança, mas haverá legitimidade para as autoridades de um Estado fazerem detenções ou buscas, sem haver qualquer suspeita ou outro fundamento razoável? Será que já vale tudo e, para manter a sua segurança, os cidadãos terão que se sujeitar a situações como as vividas por uma sobrevivente de cancro, que se sujeitou à exibição da sua prótese mamária, ou pelo homem que teve um tumor na bexiga e ficou encharcado quando um segurança o apalpou furando o saco urinário? Para completar a polémica, embora a Autoridade para a Segurança nos Transportes (TSA) garanta que as imagens de raio x são eliminadas, já surgiram milhares delas na Net.