O grupo parlamentar do CDS quis saber quanto gasta o nosso Governo, anualmente, com as rendas e questionou todos os ministérios que contratos de arrendamento – e quais os valores – foram celebrados nos últimos cinco anos. Nem todos responderam, mas sobre o que se sabe vale a pena reflectir.
O semanário Expresso fez, na edição deste fim-de-semana, uma análise aos gastos do Estado com o arrendamento de imóveis que vendeu a si próprio (!). Para se compreender o estado de completo desnorte a que os nossos governantes chegaram nestas questões de «engenharia financeira», veja-se estes casos exemplares que o semanário conta:
«Está nesta situação, por exemplo, o edifício da Avenida da República que alberga a secretaria-geral do Ministério da Economia. O imóvel foi vendido em 2008, por €10,7 milhões, à Estamo. Os serviços que lá estavam lá continuaram e, segundo explicou ao Expresso o gabinete de imprensa do Ministério da Economia, está atualmente em negociação um contrato de arrendamento, pelo valor mensal de 69.400 euros (832.800 euros por ano). Feitas as contas, Albino Bessa nota que é um excelente negócio para o comprador: o investimento 10,7 milhões está pago ao fim de doze anos. No Ministério da Agricultura há três casos parecidos: dois imóveis vendidos na anterior legislatura por 5 milhões, e outro por 7,4 milhões, todos comprados pela Estamo. Pelos primeiros, o ministério ficou a pagar uma renda de €33 mil, pelo último paga quase €50 mil. As contas são parecidas: ao fim de doze anos a Estamo recebeu em rendas o valor pago.»
Ou seja, dentro de doze anos, o Estado gastou o que ganhou e a partir daí, as contas parecem-me fáceis de fazer, o Estado terá mais uma despesa a acrescentar a tantas outras. Trata-se, como é evidente, de mais um caso demonstrativo das vistas curtas e do pensamento a curto prazo de quem nos governa. A factura todos sabemos quem a pagará…