Acabaram-se as férias e com o regresso ao trabalho aproveito para dar o merecido destaque a um romance espantoso e fascinante da autoria de um escritor marroquino praticamente desconhecido, cuja originalidade assenta, essencialmente, no facto de ser escrito numa linguagem simultaneamente crua e poética, com uma pujança e agilidade assinaláveis, do qual só tomei conhecimento através da leitura de um texto notável acerca do livro, assinado pela Ana Cristina Leonardo. O autor mostra-nos o ambiente de trabalho vivido por prostitutas e proxenetas num bordel de Casablanca, e sobre os (imensos) méritos do romance, em vez de perder o meu tempo com redundâncias, limito-me a recomendar a leitura da referida crítica no blog Meditação da Pastelaria e a citar um pequeno excerto de Salim Jay no Dicionário dos Escritores Marroquinos, por se afigurarem, a meu ver, opiniões quase definitivas sobre esta obra fortemente musical e expressiva.
Fiquem, então, com a poesia, com o lirismo e com a luta pela sobrevivência de Rosa, Almíscar da Noite, Yasmin, Pequena Amêndoa, Nectarina, Spartacus e Zapata.
«Com as Meninas da Numídia, Mohamed Leftah assina um romance que merece ser considerado uma obra-prima. Se dissermos que este livro foi escrito numa linguagem esplêndida, não estaremos a elogiar suficientemente a sua originalidade e a sua justeza. Leftah envolve-nos num escantamento transbordante, enquanto narra, com a mestria estilística de um Apollinaire ou de um Pierre Louÿs, uma noite de um bordel de Casablanca.
Não se conhece nenhum outro autor marroquino de expressão francesa que tenha demonstrado uma originalidade tão fulgurante, tão corrosiva, combinando a ternura mais pungente com a descrição mais chocante.»
Salim Jay, Dicionário dos Escritores Marroquinos