a dignidade da diferença
31 de Janeiro de 2009

 

 

The kids

 

The bed

 

publicado por adignidadedadiferenca às 01:43 link do post
29 de Janeiro de 2009

 

Se ainda restava alguma dúvida sobre o local para onde se deveria ter dirigido, no verão passado, quem se manteve indeciso até á última hora entre assistir ao concerto de Lou Reed ou ao regresso de Leonard Cohen, para mim tudo ficou definitivamente esclarecido. Bastou-me assistir ao filme-concerto de Julian Schnabel (em DVD) sobre a magnífica performance do músico norte-americano, que recupera, de forma extraordinária, as preciosas e trágicas canções do álbum Berlin.

Se me apetece falar muito do verdadeiro estado de graça em que se encontra Lou Reed, e que se mantém depois de assinar o genial The Raven, confesso que, na realidade, o mais surpreendente foi testemunhar a miraculosa transformação que o lendário songwriter de New York operou no cada vez mais dispensável Antony.

Não sei se existe alguma explicação racional para o acontecimento, o certo é que, na companhia de Lou Reed, Antony voltou a ser notável quando interpretou a belíssima Candy Says dos Velvet Underground.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 22:59 link do post
27 de Janeiro de 2009

 

Só apareci aqui para lamentar o desaparecimento de um extraordinário escritor; John Updike, autor, entre outras obras memoráveis, do magnífico romance Casais Trocados (Couples no original) – editado no nosso país pela MODO DE LER – que foi, sem dúvida, um dos livros que mais me fascinou quando o li em 2008. Um destes dias falarei dele. Hoje não vim preparado.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 23:50 link do post
24 de Janeiro de 2009

Enquanto estive de férias, apanharam-me distraído e passaram-me uma daquelas correntes que, ocasionalmente, aparecem pela blogosfera, neste caso uma corrente musical. Não sei onde começou mas foi daqui que ela me chegou às mãos.

Comecei, naturalmente, por olhar para a coisa com um certo ar desconfiado – esta treta das correntes não faz nada o meu género – e, embora correndo o risco de ser mal interpretado, pensei em amarrotar a corrente e deitar para o lixo.

Contudo, a proposta até era bem original e francamente engraçada; só precisava de escolher um músico/intérprete/compositor que admirasse e, de seguida, escolher, entre os seus álbuns, dez músicas que se encaixassem nas dez perguntas que me eram colocadas. E lá estava eu, primeiro contrariado depois encantado, a pesquisar quem se poderia enquadrar nos tópicos que me deixaram.

Experimentei quem mais admirava e, por essa razão, fui ao encontro de John Cale e, posteriormente, da Suzanne Vega. Qualquer dos dois me obrigou a desistir a meio do caminho. Se escolhesse o Cale ia acabar no psiquiatra e com a Suzanne Vega não consegui arranjar canções para todas as perguntas.

Até que me lembrei de experimentar aquele que considero o melhor escritor de canções de língua portuguesa e um dos maiores autores universais de música contemporânea, o brasileiro e cidadão do mundo Caetano Veloso.

Foi a escolha acertada porque facilmente arranjei as 10 canções de que precisava para responder às 10 perguntas e ficar com o problema resolvido.

Aqui estão elas:

 

1 - És homem ou mulher?

 

Leãozinho

 

2 - Descreve-te

 

Coração vagabundo

 

3 - O que as pessoas acham de ti?

 

O estrangeiro

 

4 - Como descreves o teu último relacionamento?

 

Não enche

 

5 - Descreve o estado actual da tua relação

 

Sozinho

 

6 - Onde querias estar agora?

 

Manhatã

 

7 - O que pensas a respeito do amor?

 

Branquinha

 

8 - Como é a tua vida?

 

Boas vindas

 

9 - O que pedirias se pudesses ter um só desejo?

 

Livros

 

10 - Escreve uma frase sábia

 

Terra

 

E agora estou com vontade de enviar esta corrente para algumas pessoas que dão uma ou outra espreitadela ao blog e que julgo terem o perfil adequado para se divertirem com este pequeno passatempo musical.

Lembrei-me da Ana Cristina Leonardo para descansar um pouco dos livros e mostrar a sua sapiência musical, do Manuel para encontrar um músico-do-arco-da-velha, da menina alice porque julgo que tem o sentido de humor adequado para se divertir com estas frivolidades e, finalmente, da Ionesco porque sei que vai apreciar o gesto.

E prometo não me meter noutra.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:54 link do post
20 de Janeiro de 2009

 

Pelléas et Mélisande - Claude Debussy/Pierre Boulez/Peter Stein/Alison Hagley/Neill Archer/Donald Maxwell (1992)

 

 

 

Depois de umas pequenas e bem gozadas férias, eis-me de regresso aos discos que nunca mais vou esquecer (a não ser que o mundo dê uma grande volta).

E pela primeira vez vou escolher uma ópera que, se não estou enganado, muito poucos se lembrariam de referir como a sua peça preferida. Com certeza que a maioria das escolhas iria recair sobre alguma das obras de Mozart, de Wagner ou de Verdi; pelo menos destes.

Todos eles são autores de obras geniais e, cada um com o seu estilo, fizeram avançar um pouco mais os limites até então estabelecidos para este género musical e dramático. Mas, confesso que em todas essas obras admiráveis não consigo encontrar uma que tenha aparecido, literalmente, do nada como se de um cometa se tratasse. Falo de Pelléas et Mélisande, a obra-prima do francês Claude Debussy que permanece uma ópera única e profundamente original tal como o era na altura em que viu a luz do dia. Não veio agarrada à tradição nem teve quaisquer seguidores, mas continua a fascinar imenso pela sua estranha e melancólica beleza e, graças à sua singularidade, por ter dito o que tinha para dizer de forma definitiva.

Pelléas et Mélisande é a adaptação da peça simbolista de Maeterlinck e conta-nos a história de um amor proibido: Mélisande apaixona-se por Pelléas, mas está noiva do seu irmão Golaud.

 

 

 

Tudo, mas mesmo tudo, é magnífico nesta assombrosa ópera de Debussy. Desde o modo paradigmático como o autor consegue escapar a qualquer espécie de sentimentalismo inócuo ao expressar-se de forma precisa e realista, como podemos comprovar nessa fabulosa cena que abre o terceiro acto e onde se desenrola uma apaixonada história de amor. Nela, Debussy recusa-se a utilizar qualquer palavra que fale de amor, apenas lhe basta para nos encantar a sua subtil sensibilidade orquestral.

Muito haveria para dizer sobre esta obra – como esquecer, por exemplo, os longos cabelos de Mélisande? -, mas fico-me pela plasticidade das vozes recitadas que combinam na perfeição com o contínuo fundo orquestral feito da mais pura seda, ou, ainda, pela invulgar ligação entre as cenas, concretizada por belíssimos interlúdios musicais que dão continuidade ao drama misterioso que se vai desenvolvendo.

Peter Stein encena o drama musical de forma cinematográfica, abrindo mão de uma série bastante diversificada de enquadramentos que combinam, de forma exemplar, com o espaço físico e musical. Quanto a Pierre Boulez, chega dizer que, uma vez mais, oferece aos seus ouvintes uma leitura magistralmente detalhada e marcadamente pessoal da genial partitura musical de Claude Debussy, dando um passo mais rumo à consolidação do conceito do  intérprete-compositor.

Para ver, rever e divulgar. Nunca é demais.

 

Acto I, Cena III 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:46 link do post
11 de Janeiro de 2009

 

Eu sei que já foi publicado o anunciado e muito aguardado Merriweather Post Pavilion dos Animal Collective que tem, de facto, merecido os maiores elogios da crítica especializada, como se pode verificar, por exemplo, neste magnífico texto. Porém, desde que fui, fatalmente, atrás das referências críticas ao também idolatrado Feels, tenho oferecido alguma resistência a cada nova audição da música do grupo.

Aquilo que, pomposamente, cheirava a obra-prima, para mim nunca passou de uma coroa de espinhos e, ainda hoje, estou para perceber tamanhos elogios feitos a uma música eufórica e vagamente experimental, sim, mas sem sentido e a resvalar para o género «coisa de míudos». Enfim, não há opiniões definitivas; poderei estar enganado, mas isso só o tempo o dirá.

Assim, ao tomar conhecimento da novidade através do Público de sexta-feira passada, deixo aqui a oportunidade a quem venha visitar o blog de ouvir em primeira mão a maravilhosa música surrealista de Andrew Bird, naquela que é, a meu ver, a primeira grande gravação de música popular deste ano, o novíssimo e notável Noble Beast da autoria do homem que, depois de Morricone (de quem, aliás, aprendeu, como muito poucos, a lição), melhor soube utilizar o assobio como elemento dramático numa canção. Acrescentem um violino, pop subtilmente experimental, uma voz e delicadas melodias sonhadoras superiormente «organizadas» por uma cabeça cheia de ideias e temos a mais-valia musical deste mês.

Escutem e façam o vosso juízo.

 

 

 

 

Natural Disaster de "Noble Beast"

publicado por adignidadedadiferenca às 21:10 link do post
11 de Janeiro de 2009

 

Richard & Linda Thompson

 

Live on the Old Grey Whistle Test 1975

 

 

 

Roubado desavergonhadamente daqui

 

publicado por adignidadedadiferenca às 02:33 link do post
10 de Janeiro de 2009

 

Mais palavras para quê? Com ministros assim...

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 14:09 link do post
08 de Janeiro de 2009

Ainda a propósito do post anterior, e de forma a criar, uma vez por outra, um fio condutor que disfarce alguma anarquia existente na publicação de cada post, deixo-vos hoje com o México, lembrado através da pintura, com as visões pictóricas de Rivera e da sua mulher Frida Kahlo, e também recordado através do cinema, com o esplendoroso trabalho que o cineasta espanhol Luís Buñuel fez em Los Olvidados e com o material filmado por Sergei Eisenstein do inacabado e, ainda assim, visualmente formidável Que Viva México!

A fim de acrescentar mais qualquer coisa a uma visão algo redutora e pobre deste país imenso, proponho mais um caminho a seguir. Pela voz de Chavela Vargas (como não podia deixar de ser) e pela voz da, para mim muito mais querida, Lhasa de Sela.

E como quem motivou todo este percurso foi Juan Rulfo, guardo para o final algumas extraordinárias fotografias daquele país, tiradas pelo próprio escritor e que, acompanhadas pelos textos de Carlos Fuentes, Margo Glanz, Jorge Alberto Lozoya, Eduardo Rivero e Víctor Jimenez, integram o prometedor (a julgar pelas fotos disponíveis na net) livro Juan Rulfo’s Mexico.

 

 

 

 

 

 

 

 

DIEGO RIVERA (1886-1957)

 

Como artista excepcional, político militante e contemporâneo excêntrico, Diego Rivera teve um papel primordial numa época muito importante no México. Tornou-se, embora polémico, o mais citado artista do continente hispano-americano no estrangeiro. Foi pintor, desenhador, artista gráfico, escultor, arquitecto, cenógrafo e um dos primeiros coleccionadores de arte mexicana pré-colonial. O seu nome está relacionado com os de Pablo Picasso, André Breton, Leo Trotski, Edward Weston, Tina Modotti e, como não podia deixar de ser, Frida Kahlo. Foi, simultaneamente, alvo de ódio e amor, admiração e rejeição, lendas e difamação. O mito que, ainda em vida, se criou à volta da sua pessoa, não se deve somente à sua obra, mas também ao seu papel activo na vida política da sua época, às suas amizades e aos seus conflitos com personalidades famosas, à sua aparência fascinante e ao seu carácter rebelde.

 

 

Nas suas recordações, difundidas em diversas obras biográficas, Rivera contribuiu bastante para a criação do mito à volta da sua pessoa. Gostava de se apresentar como menino precoce de ascendência exótica, que combatera na Revolução mexicana como jovem rebelde, um visionário que se recusava a fazer parte da vanguarda europeia, e que estava predestinado para ser o cabecilha da revolução artística. A sua biógrafa, Gladys March, confirma, no entanto, que a sua vida real era muito mais banal e que Rivera tinha grandes dificuldades em separar a ficção da realidade: «Rivera, que, mais tarde, iria representar nos seus trabalhos a História do México como um dos grandes mitos do nosso século, não conseguia dominar a sua fantasia fenomenal, enquanto me contava a sua vida. Tinha transformado alguns acontecimentos, principalmente acontecimentos dos seus primeiros anos de vida, em lendas.»

 

Andrea Kettenmann, tradução de Ruth Correia in “Diego Rivera Um Espírito Revolucionário na Arte Moderna”, 2004 Taschen.

 

                     Frida Kahlo

 

 JUAN RULFO'S MEXICO

 

 

 

LOS OLVIDADOS e QUE VIVA MEXICO!

 

 

Sergei Eisenstein "Que Viva México!"

 

Luís Buñuel "Los Olvidados"

 

LHASA e CHAVELA VARGAS

 

 

Chavela Vargas "La Llorona"

 

Lhasa "La Frontera"

 

 

05 de Janeiro de 2009

 

Devidamente enquadrado com o tempo de crise que vivemos, o qual, segundo parece, veio para ficar e para se agravar, eis uma óptima oportunidade – embora ele nem precisasse disso - para revisitarmos o «realismo mágico» do escritor mexicano Juan Rulfo (1918-1986).

Do autor já conhecia o premiado romance «Pedro Páramo» - publicado em 1955 -, mas, depois de devidamente aconselhado, só recentemente tive acesso ao magnífico livro de contos «A planície em chamas», originalmente editado em 1953, e traduzido por Ana Santos, para a Cavalo de Ferro, em 2003.

Tomando como exemplo o soberbo conto «É que somos muito pobres», Juan Rulfo conquista-nos pela absoluta mestria com que define, numa narrativa que se prolonga por quatro curtas páginas, o perfil psicológico das personagens que habitam as suas histórias estranhas, recheadas de assassinatos, de almas penadas mas capazes de amar, de intensa crueldade, miséria ou devassidão. Servindo-se de uma linguagem formalmente simples, mas profunda, inventina e carregada de um fulgor que lhe transmite uma inegável riqueza estética, o escritor mexicano retrata na perfeição os tormentos por que passa esta gente que procura, permanentemente, fugir a uma vida danada que a persegue e lhe morde, sem piedade e com veneno inusitado, os calcanhares feridos de morte.

As notáveis composições de Juan Rulfo oferecem-nos – numa bandeja ricamente trabalhada - um mundo complexo, geograficamente quase deserto, problemático e inóspito, onde se instalam seres humanos que tanto põem em causa Deus como se amparam Nele. Lidas de uma assentada, deixam-nos sem vontade de comer durante, pelo menos, uns dois dias.

Ah! tivesse o neo-realismo este fulgor e esta dinâmica voraz, em vez de se deixar consumir por textos cuja qualidade literária foi, regra geral, vítima de uma pobreza ainda maior que a das pessoas que os romances procuravam revelar.

 

 

Fica aqui um excerto de «É que somos muito pobres», traduzido, como já foi referido, por Ana Santos.

 

Aqui vai tudo de mal a pior. Na semana passada morreu a minha tia Jacinta, e no Sábado, quando já a tínhamos enterrado e começava a abalar-nos a tristeza, começou a chover como nunca. Ao meu papá isso irritou-o, porque toda a colheita de cevada estava a secar na eira. E o aguaceiro chegou de repente, em grandes ondas de água, sem sequer nos dar tempo para esconder nem que fosse um pequeno molho; a única coisa que pudemos fazer, todos os da minha casa, foi ficarmos arrimados uns aos outros debaixo do telheiro, vendo como a água fria que caía do céu queimava aquela cevada tão recém-cortada.

E só ontem, quando a minha irmã Tacha acabava de fazer doze anos, soubemos que a vaca que o meu pai lhe ofereceu para o dia do seu aniversário tinha-a levado o rio. (...) Foi ali que soubemos que o rio tinha levado a Serpentina, a vaca que era da minha irmã Tacha porque o meu papá lha ofereceu no dia do seu aniversário e que tinha uma orelha branca e outra avermelhada e muito bonitos olhos. (...) Nunca vi a Serpentina tão atarantada. O mais certo é ter vindo ainda a dormir para se deixar matar assim sem mais nem menos. A mim muitas vezes tocou-me acordá-la quando lhe abria a porta do curral, porque senão, por vontade dela, ali estaria o dia inteiro com os olhos fechados, bem quieta e suspirando, como se ouvem suspirar as vacas quando dormem.

 

 

E aqui deve ter acontecido isso, adormeceu. Talvez se tenha lembrado de acordar ao sentir que aquela água pesada lhe batia nas costelas. (...) Talvez tenha bramado pedindo que a ajudassem.

Bramou só Deus sabe como.

Eu perguntei a um senhor, que viu quando o rio a arrastava, se não tinha visto também o bezerrinho que andava com ela. Mas o homem disse que não sabia se o tinha visto. (...) O problema que há na minha casa é o que poderá acontecer no dia de amanhã, agora que a minha irmã Tacha ficou sem nada. Porque o meu papá com muito trabalho tinha conseguido a Serpentina, ainda ela era uma vitelinha, para dar à minha irmã, a fim de que ela tivesse um capitalzinho, e não se tornasse puta como fizeram as minhas outras duas irmãs, as maiores. (...)

A minha mamã não sabe porque é que Deus a castigou tanto dando-lhe umas filhas assim, quando na sua família, da sua avó para cá, nunca houve gente má. (...) Quem sabe de onde lhes viria, a esse par de filhas suas, aquele mau exemplo. (...) E cada vez que pensa nelas, chora e diz: «Que Deus as ampare às duas.»

Mas o meu pai alega que aquilo já não tem remédio. A perigosa é a que fica aqui, a Tacha, que vai como tronco de pinheiro, cresce e cresce e já tem uns princípios de seios que prometem ser como os das suas irmãs (...) E a Tacha chora ao sentir que a sua vaca não voltará porque lha matou o rio. (...) Pela sua cara correm jorros de água suja como se o rio se tivesse metido dentro dela.

Eu abraço-a tentando consolá-la, mas ela não percebe. (...) Da sua boca sai um ruído semelhante ao que se arrasta pelas margens do rio (...) O sabor a podre que vem de lá salpica a cara molhada da Tacha e os dois peitinhos dela mexem-se de cima para baixo sem parar como se de repente começassem a inchar para começarem a trabalhar pela sua perdição.

 

 

 

Obrigado, Ana Cristina Leonardo.

 

E aproveitando o ambiente mexicano, uma vez que este é um blog (quase sempre) sobre música, deixo-vos com:

 

 

 Lhasa "Abro la ventana"

 

publicado por adignidadedadiferenca às 21:06 link do post
03 de Janeiro de 2009

 

E termino a publicação das minhas preferências de 2008 com a escolha dos melhores discos do ano transacto.

A ideia inicial era publicar uma só lista, mas, com o avançar das escolhas, a tarefa tornou-se praticamente impossível. Optei, então, por dividir a lista em subgéneros musicais, o que me facilitou bastante o trabalho.

Na chamada música do mundo (ou world music), no jazz e na música portuguesa não chego a escolher os 10 discos da praxe, porque o ano musical esteve longe de ser, nesse campo, extraordinário.

Na música portuguesa, de notável apenas houve a gravação de Camané, mas tivemos ainda um muito bom disco de Tiago Guillul, autêntica renovação na música moderna cantada em português – que bem precisa dela. A lista foi enriquecida com a inesperada reedição da obra de Né Ladeiras durante os anos em que gravou para a Valentim de Carvalho, principalmente por causa da inclusão do soberbo Alhur.

Destaque na música clássica para as excepcionais gravações de Hilary Hahn com o director de orquestra Esa-Pekka Salonen, para o olhar transparente e rigoroso de Pierre Boulez na espantosa interpretação de Bartók e, por fim, para a magnífica leitura que András Schiff fez das sonatas para piano de Beethoven. Infelizmente dos volumes que foram publicados este ano só escutei o VI.

Na música popular merece particular destaque aquele que considero o disco do ano, naturalmente, mas ainda o excelente regresso dos American Music Club – com uma gravação ao nível dos essenciais Mercury e San Francisco –, mais a confirmação do excelente momento de Will Oldham, a continuar o renascimento em 2007 com o notável The letting go, e, finalmente, o opus final de Hector Zazou no ano em que nos deixou..

Nas reedições, o melhor foi o álbum de estreia de Bill Fay, mas também quis fazer justiça ao excelente Nigeria special: Modern highlife, afro-sounds & nigerian blues 1970-6 e aos Liquid Liquid. Sem esquecer, claro, os clássicos Thelonious Monk e Bill Evans que, não fosse a óptima gravação da Big Band de Carla Bley, seriam discos do ano em 2008!

Gostei muito das poucas coisas que consegui ouvir na net dos High Places, de Ego Plum & The Ebola Music Orchestra e da Marianne Faithfull, no entanto, como não consegui ouvir os discos por inteiro, não os posso incluir no lote (com alguma pena minha).

Aqui ficam registadas as minhas escolhas.

 

 

WORLD MUSIC

 

  4. Deus et Diabolus, Al Andaluz Project

  3. Dos lágrimas, Diego Al Cigala

  2. Nigeria special: Modern highlife, afro-sounds & nigerian blues 1970-6

  1. The Mandé Variations, Toumani Diabaté

 

 

 

JAZZ

 

  7. Loverly, Cassandra Wilson

  6. Rabo de Nube, Charles Lloyd Quartet

  5. Pass it on, Dave Holland Sextet

  4. Present tense, James Carter

  3. Brilliant corners, Thelonious Monk

  2. Portrait in jazz, Bill Evans Trio

  1. Appearing nightly, Carla Bley Big Band

 

 

MÚSICA PORTUGUESA

 

  7. CTU, Telectu

  6. A FlorCaveira apresenta o advento

  5. Vozes de nós, Cramol

  4. Lusitânia playboys, Dead Combo

  3. Tiago Guillul IV

  2. Essência - Os anos Valentim de Carvalho 1982-1983, Né Ladeiras

  1. Sempre de mim, Camané

 

 

MÚSICA CLÁSSICA

 

10. Bellini: La Sonnambula, Bartoli/Flórez/La Scintilla

  9. Jérusalem, Jordi Savall, Hespèrion XXI

  8. Haydn: The creation, Paul McCreesh

  7. The promise of music, Gustavo Dudamel (DVD)

  6. Richard Strauss: Songs & Arias, Renée Fleming/Thielemann

  5. Beethoven: The piano sonatas volume VI, András Schiff

  4. Complete edition, Olivier Messiaen

  3. The great operas from the Bayreuth Festival, Richard Wagner

  2. Bartók: 3 Concertos, Pierre Boulez/Aimard/Kremer/Bashmet

  1. Schoenberg/Sibelius: Violin concertos, Hilary Hahn/Esa-Pekka Salonen

 

 

POP/ROCK

 

 20. The evangelist, Robert Forster

 19. Grass is singing, Lonely Drifter Karen

 18. Weather’s coming…, Phoebe Killdeer and the Short Straws

 17. @#%&*! Smilers, Aimee Mann

 16. Dig, Lazarus, dig!!!, Nick Cave & The Bad Seeds

 15. A mad & faithful telling, Devotchka

 14. Hello, voyager, Evangelista

 13. Vampire Weekend

 12. Chemical chords, Stereolab

 11. Lie down in the light, Bonnie “Prince” Billy

 10. micah p. hinson and the red empire orchestra

   9. Slip in and out of phenomenon, Liquid Liquid

   8. Lightbulbs, Fujiya & Miyagi

   7. The golden age, American Music Club

   6. The bootleg series vol. 8: Tell tale signs, Bob Dylan

   5. Jukebox, Cat Power

   4. Junkyard gods, Two Banks of Four

   3. In the house of mirrors, Hector Zazou & Swara

   2. Bill Fay

   1. A thousand shark’s teeth, My Brightest Diamond

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 03:05 link do post
01 de Janeiro de 2009

 

Decisão difícil esta de escolher os doze livros – à razão de um por mês - que mais me entusiasmaram durante o ano de 2008, mas, embora fique com a certeza de ter cometido algumas injustiças que me irão martirizar mais cedo ou mais tarde, a escolha está feita.

Intocáveis na minha lista serão, obviamente, os dois livros mais revolucionários que se publicaram durante o ano passado: O homem sem qualidades e Rayuela, este último, ainda assim, francamente penalizado por uma péssima revisão que, felizmente, não chegou para apagar o imenso fôlego do romance.

Também não podia deixar de fora o assombroso O céu é dos violentos e aquele que considero o melhor livro de contos traduzido em 2008, o magnífico Histórias de amor de Robert Walser.

Quanto aos restantes livros, uma nota pessoal para um dos clássicos do modernismo, o genial A educação sentimental de Flaubert e, nos géneros não ficcionais, realce para os indispensáveis Sermões de Santo António do Padre António Vieira e para o Tratado da República de Cícero.

2008 ofereceu-nos também o mais desconcertante dos livros sobre cinema, o insólito e fascinante Lacrimae rerum e duas ou três obras importantes de autores portugueses, com Herberto Hélder e o livro dedicado pela Cinemateca Portuguesa a Manoel de Oliveira à cabeça.

De fora ficaram quatro obras que, provavelmente, seriam incluídas nas minhas escolhas literárias, o que não acontece porque, embora já as tenha adquirido, ainda não tive oportunidade de as ler: O romance de Genji de Shikibu, O primeiro amor de Ivan Turguénev, Musicofilia de Oliver Sacks e Mão direita do diabo de Dennis McShade (ou seja, Dinis Machado).

Feita a análise, aqui vos deixo as duas listas, a dos autores estrangeiros e a da realidade portuguesa.

 

 

AUTORES ESTRANGEIROS (E UM PORTUGUÊS UNIVERSAL)

 

12. Lacrimae rerum, Slavoj Žižek

11. A origem das espécies de Charles Darwin, Janet Browne

10. Neve, Orhan Pamuk

  9. Tratado da República, Cícero

  8. Casais trocados, John Updike

  7. Sermões de Santo António, Padre António Vieira

  6. Da democracia na América, Alexis de Tocqueville

  5. Rayuela, Julio Cortázar

  4. A educação sentimental, Gustave Flaubert

  3. Histórias de amor, Robert Walser

  2. O céu é dos violentos, Flannery O’Connor

  1. O homem sem qualidades, Robert Musil

 

 

 

 

 

AUTORES PORTUGUESES

 

  6. Lavagante, José Cardoso Pires

  5. Engenho luso e outras crónicas, Carlos Fiolhais

  4. A viagem do elefante, José Saramago

  3. Myra, Maria Velho da Costa

  2. Manoel de Oliveira cem anos, Cinemateca Portuguesa

  1. A faca não corta o fogo, Herberto Hélder

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:45 link do post
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