O homem sem qualidades - Robert Musil (Tradução e notas de João Barrento)
Já existia uma edição anterior, publicada pela «Livros do Brasil», mas era opinião quase generalizada de que a tradução não estava à altura do acontecimento, havendo mesmo quem sentenciasse que todos os que leram a referida obra poderiam considerar como não o tendo feito. Eu fui um desses leitores.
Surge agora nova edição da «Publicações Dom Quixote» que entregou a gigantesca tarefa ao Prof. João Barrento, e, face ao prestígio do tradutor (e também às primeiras considerações feitas sobre a tradução), parece que desta vez é que é.
Robert Musil, nas palavras de João Barrento surgidas na contracapa dos dois volumes, um dos nomes do «quarteto revolucionário» na prosa das primeiras décadas do século XX - Proust, Joyce, Kafka, Musil -, é um autor sem biografia, como dirá Hermann Broch, seu contemporâneo e compatriota: «Nenhum de nós tem propriamente uma biografia: vivemos e escrevemos, e é tudo.» Musil legou-nos alguns dos mais significativos fragmentos de literatura do século, cujos traços mais salientes são a complexidade dos seus perfis anímicos e o rigor da observação, da análise e da reflexão - uma obra que se orienta pelos princípios, contidos na fórmula lapidar que ele próprio cunhou, da exactidão e da alma.
Acabei de comprar os dois volumes. Para mim, a aventura vai começar.