Muller no hotel Hessischer Hof - Mão Morta (1997)

A propósito do que disse aqui acho que chegou a altura de começar a revelar as grandes obras da música feita em Portugal, seja qual for o seu género.

Esta fabulosa adaptação que os Mão Morta fizeram de poemas do alemão Heiner Muller é, na minha opinião, um desses discos.

Se o ambiente é absolutamente caótico e devastador, onde não há uma réstea de esperança nesta crítica mordaz a uma sociedade contemporânea dominada ferozmente pelo consumismo e devorada por aquilo que existe de mais abjecto no capitalismo, a verdade é que a banda bracarense transforma este cenário, sob o ponto de vista artístico, numa peça teatral fascinante, através da mais-que-perfeita utilização de farrapos e lamentos  musicais como forma de expressão única e da feliz coincidência da voz de Adolfo Luxúria Canibal ter nascido para este espectáculo.

Um pesadelo brilhante e o ponto mais alto, até ver, dos Mão Morta.

Floresta em sonho

Por causa de um comentário feito aqui

Injustiça tremenda, neste período tantas vezes comemorado pela esquerda e em que tanto se falou de revolução - o 25 de Abril e o período que se lhe seguiu, e o Maio de 68 em França, por exemplo - o esquecimento a que foi votado Paco Ibañez, resistente durante o período franquista e um magnífico escritor de canções (ou trovador, como também lhe chamaram) exímio no uso da palavra e do suporte musical/instrumental mais adequado à força dos poetas que tanto divulgou e cantou.

Detentor de uma discografia rara, cujas capas serviram, quase sempre, para revelar o talento de pintores como Ortega, Antonio Saura ou Dalí), motivos não faltam para recordar a jóia rara em que se tornou este autêntico músico de poetas.

A galopar (com Rafael Alberti)

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