Francis Bacon (1909-1992)
Hoje não serão, objectivamente, caminhos paralelos que se propõem, mas antes o reflexo e a influência que a pintura clássica (no caso presente, a de Diego Velázquez) exerce num dos maiores criadores contemporâneos, Francis Bacon.
Sem esquecer, designadamente, o «Estudo para um retrato de Van Gogh I» de 1956, para o qual ainda não tive a arte e o saber necessários para aqui o ilustrar, o exemplo mais conseguido de Bacon como intérprete excepcional de obras do passado verifica-se em «Estudo segundo Velázquez» de 1950
e «Estudo sobre o retrato do Papa Inocêncio X de Velázquez» de 1953.
Em ambos os quadros, o pintor dilacera radicalmente a obra-prima do artista espanhol através da sua visão violentamente trágica da condição humana, numa demonstração inequívoca (e demencial?) do seu génio poético.