«O resultado é que Poeira da Alma, que se inicia com as questões mais básicas acerca da natureza da perceção e da sensação conscientes, torna-se uma obra sobre a evolução da espiritualidade e sobre o modo como os humanos se instalaram naquilo a que chamo o nicho da alma. Embora eu não tenha qualquer crença no sobrenatural, não apresento desculpas para repor na alma onde estou certo de que é o seu lugar: no centro dos estudos da consciência. Mesmo assim, embora a obra termine debruçando-se sobre muitas preocupações humanas familiares, não se deve esperar que seja de leitura fácil. Houve trabalho que tive de desenvolver, e também será necessário que o leitor faça o mesmo. As respostas a que chego são por certo distintas das que a ciência tem apresentado. Tenho de admitir que, por si só, isto não é uma recomendação. Por certo que a ciência pretende ser mais cumulativa do que revolucionária. Porém, quando a investigação anterior sobre a consciência não produziu quase nada como resposta às grandes interrogações das pessoas sobre o mistério da sua experiência, talvez já não possamos continuar a confiar na ciência como estamos acostumados a fazer. O mundo material dotou os seres humanos de almas mágicas. As almas humanas retribuíram o favor, lançando um sortilégio sobre o mundo. Para compreender esses factos assombrosos, convido-vos a dar início à leitura.»
«Poeira da Alma», de Nicholas Humphrey, tradução de Ana Falcão Bastos