Ou temos Estado-providência ou o Estado mínimo. Ou se vive do crédito para financiar os direitos adquiridos ou falta a assistência social e ficamos entregues ao sabor dos ventos e marés da iniciativa privada. Ou nos acomodamos ao Estado paternalista ou somos pisados pela liberalização dos mercados, esquecendo, quem nos governa, levianamente, a estrutura do tecido produtivo existente privatizando tudo sem qualquer critério. Uns, parasitas, valem-se do eterno recurso ao crédito para financiar a economia, alojar os amigos e, vá lá, melhorar as condições de vida da população, mas esquecendo-se que o filão um dia acaba; os outros, loucos, alimentam-se de uma crença irracional nas supostas virtudes do neoliberalismo económico como elemento vital para o bem-estar social (não nos poupando, sequer, à triste e surreal figura do nosso ministro das finanças a pedir aos portugueses um aumento da poupança depois do governo lhes esvaziar os bolsos com mais e mais impostos, com mais e mais sacrifícios). Esquecemos o despesismo incontrolado e a falência técnica do Estado Social, ignoramos o pesadelo da ganância do capitalismo selvagem que aumenta pornograficamente e cada vez mais o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Neste mundo é assim. Não nos dão qualquer hipótese: ou oito ou oitenta. Ninguém aprende com os erros do passado. Será assim tão difícil encontrar um ponto de equilíbrio que junte num só conceito as virtudes dos dois modelos económico-sociais eliminando a maior parte dos seus defeitos, i.e., não restringir para além do razoável a livre iniciativa privada e possibilitar uma repartição da riqueza mais justa e proporcional ao esforço de cada um?