Foi um ano bom para a música portuguesa. É certo que não tivemos direito a ofertas de valor absolutamente extraordinário, não houve música que rompesse com os critérios previamente definidos, inventando novas coordenadas ou fronteiras estéticas. Mas houve uma muito razoável diversidade sonora e louváveis e afirmativas demonstrações de personalidade e maturidade musical, com especial destaque para o magnífico regresso dos Dead Combo, com o waitsiano Lisboa Mulata, a inesperada gravação dos fados e das canções de Fernando Alvim - na medida em que nos habituámos a ver nele apenas a sombra de Carlos Paredes -, o esqueleto sonoro do depurado e essencial Animal (Osso Vaidoso), o ágil e sedutor clacissismo de Cristina Branco ou para a surpreendente e singular visão reichiana vinda do interior do país pela mão dos Campanula Herminii. Desilusões? Talvez duas, porque totalmente inesperadas: as mais recentes gravações de B Fachada e de Sérgio Godinho. Aqui fica então a nossa lista dos prováveis dez melhores (que podia perfeitamente incluir mais dois ou três discos sem perda assinalável de qualidade - estamo-nos a lembrar, por exemplo, do último trabalho de César Prata).
Aquaparque, Pintura Moderna
Campanula Herminii, Cumeada
Carlos Bica & Azul, Things About
Ciclorama, A Presença das Formigas
Cristina Branco, Não Há Só Tangos em Paris
Dead Combo, Lisboa Mulata
Fernando Alvim, Fados & Canções do Alvim
Kubik, Psicotic Jazz Hall
Os Lacraus, Os Lacraus Encaram o Lobo
Osso Vaidoso, Animal