2011 vai ser, em termos estritamente musicais, o ano internacional da mulher. Já tivemos direito à revelação Anna Calvi, aos regressos esplendorosos das veteranas Marianne Faithfull e June Tabor (mais a última do que a primeira), à plena confirmação de PJ Harvey, à folk impressiva de Rachel e Becky Unthank – diluídas nos agora The Unthanks –, e ao regresso fúnebre e estupendo de Nina Nastasia (o disco é de 2010, mas já o escutámos no decorrer deste ano). E se nos estendermos ao território nacional, não nos podemos esquecer, pelo menos, de mais um óptimo capítulo na consolidada carreira de Cristina Branco. Só faltava mesmo a magnífica explosão do mais recente trabalho de Merrill Garbus (ou tUnE-yArDs), o admirável e originalíssimo “Whokill”, onde existe um indisfarçável nexo de causalidade entre a acção exercida sobre o material sonoro - assente simultaneamente na tradição africana, no primitivismo e na sofisticação, projectados num espaço de ampla experimentação electrónica, organizados mentalmente por quem não dispensa em momento algum o ecletismo, o ritmo, o nervo e a verve melódica – e o resultado obtido, o qual nos conduz a uma viagem de enorme riqueza e alcance estético. Directamente para a lista dos melhores do ano.