A edição de que vou falar já pertence ao mês de Março, mas foi aí que tive o primeiro contacto com a revista «Arquitectura e vida», onde um magnífico artigo (ou texto crítico, como lhe chama o autor Alexandre Marques Pereira) sobre o Condomínio da Vinha, situado no Bairro Alto, reflecte sobre a ligação que se vai perdendo entre a Arquitectura e a cidade, lamentando o autor «as mais recentes práticas da arquitectura, reduzindo-a a um mero conceito de objecto, seguindo apenas uma lógica contaminada pelo design e certas práticas do mundo das artes plásticas».
Uma revista feita não só para quem faz da arquitectura a sua profissão, mas francamente apelativa a meros curiosos ou a pessoas razoavelmente interessadas registando, nesse número, outros textos que nos ajudam a compreender melhor a articulação da forma arquitectónica com o meio e nos mostram como podem existir bonitas «casas-lofts» concebidas com sobriedade e cheias de vazios. Mais para diante, ainda há espaço para nos explicarem como as variações atmosféricas, provocadas pelo (ab)uso de combustíveis fósseis, contribuíram imenso para a degradação das superfícies arquitectónicas, terminando este número com um excelente trabalho sobre a caracterização das pontes antigas.
E aproveito a embalagem, dada pelo texto publicado pelo arquitecto Alexandre Marques Pereira, para aconselhar o clássico livro de Aldo Rossi «A arquitectura da cidade», publicado pelas Edições Cosmos que, como é destacado no artigo da revista, aborda, num conjunto riquíssimo de idéias sobre o papel fundamental das cidades, questões essenciais como sejam a relação entre Tipo, Modelo e Arquitectura como Facto Urbano.
E como o mundo continua a avançar, aconselho, igualmente, a leitura do livro «Viver a arquitectura» do professor Steen Eiler Rasmussen, que escreve sobre os edifícios que todos habitamos e adaptamos à nossa forma de viver, ou seja, dá-nos a sua visão funcional da arquitectura e, não esquecendo muitos outros pensamentos, reflecte sobre o como perceber as coisas que nos rodeiam. A ler, positivamente, até porque a linguagem utilizada não se destina apenas a profissionais.