A casa que procura formar, educar e aprofundar o gosto cinematográfico, e oferecer condições para a fruição de um bem estimável como é o cinema a muita gente, passa actualmente por momentos financeiramente complicados, fruto das novas regras de gestão orçamental. As restrições deixaram, nas palavras da sua directora, Maria João Seixas, «a autonomia administrativa e financeira da casa gravemente afectada». As sessões diárias foram reduzidas, os filmes não legendados deixaram de ser acompanhados pela legendagem electrónica porque acabaram as verbas destinadas a esse serviço. E, mais grave ainda, a directora da Cinemateca avisa que «o espólio e o arquivo da Cinemateca podem estar em risco», devido às regras que impedem os organismos públicos de gerir o seu orçamento. Ou seja, de corte em corte, fruto deste capitalismo selvagem galopante que tudo devora e definha, lá vamos assistindo à continuada deterioração do nosso património cultural, o qual, no caso concreto, também é universal. Uma notícia triste para quem tanto gosta de cinema e passou tardes e noites incontáveis no edifício da Rua Barata Salgueiro.