a dignidade da diferença
10 de Junho de 2012

 

 

A obra extensa de J. S. Bach abrange praticamente todas as formas musicais em voga na sua época, talvez com a única exceção da ópera. E entre a sua música instrumental mais significativa, contam-se, como melhores e mais notórios exemplos, as Suites Francesas, as Sinfonias ou o Concerto Italiano. Paradigma da exuberância criativa do seu autor, as referidas composições são o reflexo exato da riqueza cromática e da preciosa ornamentação estilística que caracterizaram o que de melhor teve o período barroco. Gustav Leonhardt, na qualidade de cravista, cortou-lhe os excessos, num gesto certeiro de depuração e concisão estética, e traçou-lhes a bissetriz perfeita, a qual, paradoxalmente, em vez de os separar, conseguiu aproximar o mundo antigo do contemporâneo (o dele; não esqueçamos que a última gravação é de 1980). Fê-lo admiravelmente, combinando a arte do contraponto e a clareza do seu pensamento com a transparência estrutural e harmónica das peças musicais, realçando ainda a arquitetura das formas, fundindo as características francesas, italianas e alemãs num registo simultaneamente introspetivo e metafísico sem perder de vista um contagiante efeito de celebração musical. Uma antologia que nos devolve a inesgotável riqueza do admirável mundo antigo.

 

Excerto do filme Crónica de Anna Magdalena Bach, de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet

18 de Janeiro de 2012

 

 

Fazemos aqui um pequeno intermezzo à interrupção anteriormente anunciada para homenagear um dos mais conhecidos e dos maiores intérpretes de J. S. Bach , o holandês Gustav Leonhardt, que morreu esta semana com 83 anos de idade. Fazêmo-lo através deste excerto de um dos mais célebres filmes de Jean-Marie Straub e de Danièle Huillet, o magnífico Crónica de Anna Magdalena Bach, para o qual Gustav Leonhard contribuiu ao representar - ninguém seria, de facto, mais adequado - o papel do genial compositor. A ideia foi roubada descaradamente daqui.

 

09 de Abril de 2008

Paixão Segundo São Mateus - J.S.Bach/Rudolf Mauersberger (1970)

 

 

 

Uma das mais inspiradas e dramáticas obras de toda a história da música vocal, feita com base em esplendorosas fantasias corais de uma espessura e grandeza épica ímpares em qualquer género.

A minha preferência por este registo resulta da harmonia existente entre o que Bach desejou - um conjunto magistral de estilos, que vão desde o recitativo, percorrendo inúmeras árias e coros, até atingir incomparáveis efeitos expressivos - e o que Mauersberger conseguiu: destaque quase exclusivo para a importância primordial das palavras, acertando com a entoação adequada ao fraseado, oferecendo-nos a inspiração vocal de todos os solistas, que brilha em conjunto e de forma quase telepática com a contenção e intensidade expressiva da orquestra.

Um acto de criação de uma dimensão que vai para lá do imaginável e uma interpretação vocal e orquestral que, por vezes, se reduz ao rigorosamente essencial, mas também é capaz de nos surpreender com verdadeiras peças de relojoaria e requinte interpretativo.

publicado por adignidadedadiferenca às 00:31 link do post
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