História de uma mulher que perde a sua filha, Julieta marca o regresso de Pedro Almodóvar, com uma adaptação de contos de Alice Munro, ao género que melhor dominou: o melodrama. Se o novo filme do cineasta espanhol não disfarça, nalguns momentos, uma indesejável sensação de déjà vu, também testemunha uma capacidade – que se julgava perdida em Almodóvar – para enfrentar novos territórios estéticos e vivenciais, num gesto artístico de uma firmeza apta a estremecer algumas das nossas velhas convicções. Modelo de contenção e serenidade, ajustadas com o decorrer do tempo, esse velho (e sábio) escultor - como diria Marguerite Yourcenar -, o novo e belo filme de Pedro Almodóvar, lugar frequentado por personagens que vão aprendendo a sobreviver, é seguramente o seu melhor desde Volver.