a dignidade da diferença
20 de Novembro de 2008

 

 

Chamada de atenção urgente para a reedição da obra de Né Ladeiras durante os anos em que gravou para a Valentim de Carvalho, inserida na colecção «No tempo do vinil». Ao disco deram o título «Essência, Os anos Valentim de Carvalho 1982-1983» e nele está incluído, além de «Sonho Azul», o espantoso maxi-single (na altura da sua edição em vinil) «Alhur».

Um disco absolutamente transcendente, mágico, habitado por uma voz de sonho acompanhada por uma música em permanente estado de levitação.  A oportunidade, quase inacreditável, de podermos voltar a escutar Húmus verde, Holoteta, Essência e Alhur, as magníficas canções (?) cujo som não se aproxima, em nada, do que outros fizeram neste país. Nem antes nem depois da obra.

Uma viagem deslumbrante e com rumo incerto, cujos protagonistas tiveram como bússola, unicamente, um mapa musical até então desconhecido e posteriormente esquecido.

De um encontro casual entre Né Ladeiras, Miguel Esteves Cardoso e os músicos que, na época, formavam os Heróis do Mar, nasceu um portentoso manifesto estético e musical, fundador de uma música sem tempo e vinda de lugar nenhum, etérea, intíma e plasticamente transparente.

Um das raras vezes em que a música portuguesa fez abanar a terra. Ao pé deste assombro, «Sonho Azul», talvez um pouco injustamente, faz figura de obra menor.

Se depois desta vier a reedição de «Corsária», começo a acreditar que o mundo, afinal, não é tão mau como, teimosamente, parece.

 

 

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 21:20 link do post
antiga?!
ana cristina leonardo a 21 de Novembro de 2008 às 14:57
No sentido de estar cá há mais tempo do que eu. Nunca gostei de dizer que as pessoas são mais velhas. Velho, para mim, é quem parou no tempo. Antigo é quem tem mais experiência de vida (e não só) pelos anos vividos. Não leve a mal.
referia-me, naturalmente, à né ladeiras...
ana cristina leonardo a 22 de Novembro de 2008 às 02:10
Ah, a Né Ladeiras. A Né é intemporal. E, já agora, espero que goste dela.
Que bom!!!... Encontrar uma comunhão de almas em torno de um tempo recuperado, de uma estética impar, de uma voz singular. Que saudades da Né!!!... E que bom encontrar quem saiba tão bem escrever sobre a sua obra. Um lugar, de cá ou de lá, mas onde a presença não se apaga e renasce a cada minuto.
AlmaOm a 22 de Novembro de 2008 às 20:49
Obrigado. Belíssimo comentário. Entretanto, curioso, fui ver o blog e reparei noutra afinidade: as Varttina.
Também agradeço a visita ao meu blog. Por razões de ordem pessoal, há muito que ele não é actualizado... Mas certamente haverá muitas outras afinidades. Para lá do óbvio há aquilo que se adivinha. A Né é uma boa comunhão, mas parece-me que deverá haver outras, para além das Varttina. Laurie Anderson, Hedningarna, Hugo Largo... Não sei se incluirias na tua lista mas, para mim, há ainda Anamar, Dead Can Dance, Mediaeval Baebes, Gjallarhorns, Rhea's Obsession... E muitos outros. Agora tenho andado a ouvir o novo da Grace Jones. Por isso, afinidades não deve faltar, para além do gosto pelas palavras e de brincar com elas...
Alma Om a 24 de Novembro de 2008 às 18:59
Anamar nem por isso. Dead Can Dance sim, mas mais Cocteau Twins iniciais. Os três últimos não conheço mas vou investigar.
YES YES YESSSSSS!!!

QUE MAGNIFICA NOTICIA!!!

tenho tudo da né e alhur refiro-o sempre como um dos mais brilhantes e mágicos maxi singles de todos os tempos da musica portuguesa!!!

e sim, absolutissimamente de acordo, Corsária é um cd no-tá-vel que, graças a uma empresa em falência que tão mal o tratou, maltratou a pobre né com uma das mais obras mais relevantes (a mais relevante?) da pop portuguesa.

gratissima, mesmo mesmo, por esta notícia. fanc, here i go!!
sem-se-ver a 23 de Novembro de 2008 às 11:15
*fnac, claro
sem-se-ver a 23 de Novembro de 2008 às 11:17
E comprei o cd por mero acaso - mais tarde lá chegaria, obviamente. Depois das escolhas feitas, fazia tempo enquanto esperava por uma amiga quando decidi ir vasculhar a música portuguesa. Não devo encontrar coisa que me interesse, pensei eu, mas vou dar uma olhadela. Foi então quando, surpreendido, reparei no disco da Né e, claro, não o larguei mais. Bjs e boa compra e posterior escuta.
«referia-me naturalmente à Né Ladeiras» era uma espécie de ironia à la MFL. Que, a despropósito, é bastante mais antiga do que eu...
ana cristina leonardo a 24 de Novembro de 2008 às 13:26
A ironia eu percebi. Por vezes também se brinca mantendo a seriedade. Não sei é se a resposta estava ao nível da ironia da ACL (que horror! Escrito assim parece nome de associação, vou retirar), da Ana Cristina Leonardo. P.S. As melhoras da gripe. Senti a sua falta ao ler o Expresso desta semana.
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