De acordo, o Estado não podia continuar a gastar como o fazia; não podíamos continuar eternamente a viver acima das nossas possibilidades. Não sei como quase ninguém via isto. Suponho que a forma mais imediata de o Estado reduzir o despesismo é o corte na massa salarial. Se concluíram que ganhava acima das possibilidades de quem me pagava, não me queixo. Contudo, ainda assim, proponho uma reflexão: Com o aumento do IVA e a redução das deduções em sede de IRS entramos em puro clima de recessão. Empobrece o país sem estar prevista uma recuperação nos tempos menos longínquos.
Um país que deixou de produzir para receber os subsídios comunitários não vai conseguir subir o poço onde caiu. Não será altura de recuperarmos os velhos sectores da economia e apostar, de uma vez por todas, na produção nacional, sob pena de, num futuro próximo, a solução contra a despesa pública voltar a assentar nos cortes salariais? Os líderes do PCP e do CDS já o afirmaram e parece-me que têm a razão do seu lado.
E, para terminar, deixo aqui uma questão: incidindo os cortes nos salários, não estará este Governo a autorizar a manutenção dos subsídios indiscriminados, dos “jobs for the boys” e dos institutos públicos perfeitamente inúteis que contaminam as contas públicas e são, a meu ver, os principais responsáveis pelo despesismo da Administração Pública?